São Paulo entra em fase vermelha com escolas abertas

São Paulo entra em fase vermelha com escolas abertas

SÃO PAULO

Da Folha

O governo de São Paulo irá iniciar o retrocesso à fase vermelha em todo o estado a partir da 0h do próximo sábado (6). A medida valerá até o dia 19 de março para tentar barrar a evolução da curva de infecções, óbitos e internações devido ao novo coronavírus.

A medida, conforme a Folha adiantou na terça (2), não incluirá o fechamento total de escolas. A regra adotada em dezembro pelo governo, de permitir aulas presenciais opcionais nas duas fases mais restritivas do Plano SP de abertura econômica, vermelha e laranja, segue valendo.

Doria conversa com idosa durante vacinação no drive-thru do estádio do Morumbi, em São Paulo
Doria conversa com idosa durante vacinação no drive-thru do estádio do Morumbi, em São Paulo – Danilo Verpa – 2.mar.2021/Folhapress

O governo quer, contudo, retirar 80% dos 2,5 milhões de alunos que frequentaram aulas presenciais em fevereiro ao priorizar na rede pública grupos mais vulneráveis: quem precisa de alimentação, quem tem responsáveis que trabalham em serviços essenciais, sem acesso a tecnologia, com dificuldade de aprendizado e com saúde mental em risco.

No geral, o limite para frequência é de 35% da ocupação normal, nas redes públicas e privadas.

Com isso, saiu chamuscado da mais recente discussão o secretário Jean Gorinchteyn (Saúde), que na terça havia defendido fechar totalmente as escolas. Ele foi obrigado pelo governador João Doria (PSDB) a divulgar uma nota reafirmando que o que dissera à rádio CBN era apenas sua opinião pessoal.PUBLICIDADE

Na fase vermelha, apenas os serviços essenciais estão permitidos, e com limites. De forma controversa, nesta semana Doria permitiu que templos religiosos fossem incluídos na categoria, desde que respeitadas regras de distanciamento social —ocupação máxima de 30%.

O motivo para o endurecimento por parte do governo estadual é a crise galopante da Covid-19, que atinge hoje todo o país de forma quase uniforme. São Paulo prevê um colapso na oferta de leitos de UTI para a doença nas próximas duas semanas, se não houver a restrição.

Segundo Doria, nas últimas 24 horas, a central de regulação de leitos recebeu 901 pedidos de internação de leitos de UTI e enfermaria. “São Paulo está internado um paciente a cada dois minutos”, lamentou.

Hoje, 74,3% das vagas no estado estão ocupadas, índice que sobe a 75,5% na capital. Já o isolamento social, monitorado pela movimentação de pessoas com telefones celulares rastreáveis, está em meros 39% —ao menos 60% ou 70% são necessários.

Já morreram 60.381 pessoas até esta manhã de quarta (3) no estado, entre 2.068.616 casos confirmados desde o começo da pandemia, há um ano. Para Doria, as próximas duas semanas serão as mais duras da pandemia.

Até aqui, 76% dos paulistas estavam sob o regime laranja, 15%, sob a vermelha e os restantes, sob a mais liberal amarela.

Doria ainda anunicou a abertura e 500 novos leitos para tratamento de Covid-19 no estado. Serão 339 novas vagas de UTI e 161 de enfermaria em hospitais estaduais, municipais e filantrópicos que começarão a funcionar, de maneira gradual, a partir do próximo dia 8.

Em reunião virtual com quase todos os 645 prefeitos paulistas na terça, Doria recebeu pedidos para um endurecimento ainda maior. Cidades como Araraquara já experimentaram lockdowns, a medida mais extrema e que não é prevista no Plano SP, que prevê restrição de circulação de pessoas nas ruas.

A ação foi sugerida por membros do Centro de Contingência da Covid-19, comitê de 20 especialistas e autoridades que aconselham o governo na crise. Ao fim, após discussões com membros do governo, prevaleceu a ideia de que a fase vermelha, se implementada de forma rígida, poderia ter o efeito necessário.

Contra covid, Fepesp e Sinprosasco quer escolas fechadas. Secretário da Saúde pede suspensão de aulas, secretário de Educação quer alunos na escola. Pandemia mata mais do que nunca. 

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