Os dez notáveis

Os dez notáveis

Por Professor Martinho Condini*

Pelé estaria expulso escrete canarinho brasileiro de todos os tempos?

Pixinguinha não estaria na banda dos dez notáveis músicos brasileiros?

Milton Santos não comporia o grupo dos dez notáveis cientistas brasileiros?

Milton Nascimento não apareceria entre os dez notáveis cantores brasileiros?

Grande Otelo não comporia a trupe dos dez notáveis atores brasileiros?

Aleijadinho não constaria do panteon dos dez notáveis escultores brasileiros?

Carlos Drumond de Andrade seria defenestrado  dos dez notáveis do poetismo brasileiro?

Chacrinha não comporia o rol dos dez notáveis animadores de TV brasileira?

Chico Buarque de Holanda estaria excluído do palco dos dez notáveis letristas brasileiros? 

Fernanda Montenegro não integraria o elenco das dez notáveis atrizes brasileiras?

Elis Regina não ingressaria no estrelato das dez notáveis cantoras brasileiras?

Stanislau Ponte Preta estaria fora da redação dos dez notáveis jornalistas brasileiros?

E Paulo Freire ficaria de fora da sala de aula com os dez notáveis educadores brasileiros?

Penso, que dificilmente alguns desses brasileiros não estariam entre os dez notáveis.

         Pois é, no site do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para incentivo a pesquisa ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, na página inicial do site nos apresentam uma relação dos principais cientistas brasileiros da nossa história, denominados por eles de notáveis. É uma relação de mais de sessenta cientistas e pesquisadores.

         E qual é a surpresa para quem abrir essa página onde estão historiadores, geógrafos, sociólogos e educadores ilustres, como Anísio Teixeira e Florestan Fernandes? A ausência do patrono da educação brasileira, o pesquisador, educador e pensador Paulo Freire.

          Por que Paulo Freire não está nesta lista de notáveis? Coincidência ou não está ausência se dá no período desse desgoverno, que desde seu início, adotou uma política de desmonte da educação brasileira e um processo de desconstrução da obra e da imagem de Paulo Freire. Sem contar com os desqualificados ministros da educação que já passaram pelo ministério e os que estão por vim.

         O educador Paulo Freire é o único brasileiro que consta na lista dos 100 autores mais importantes nas universidades de língua inglesa. O livro “Pedagogia do Oprimido” está entre os três livros mais citados na área de ciências humanas no mundo. Freire é o brasileiro que mais recebeu títulos de “doutor honoris causa’ na nossa história.

         A grandeza do legado da práxis freiriana é demonstrada por meio das 8 cátedras Paulo Freire, 1 Instituto Paulo Freire e 46 grupos de pesquisa existentes no Brasil, como também em outros países da América Latina e Central, Estados Unidos, Canadá e Europa.

         Por isso, a indignação de Paulo Freire não constar na relação dos notáveis de uma instituição de fomento a pesquisa em nosso país.

         Penso que apesar desse desrespeito com o educador Paulo Freire, sabemos que há uma considerável rede de Educadoras e Educadores no Brasil e no mundo que têm na práxis freiriana uma bandeira de luta e resistência para se construir por meio da educação uma sociedade libertária e igualitária.

   O Prof. Martinho Condini é historiador, mestre em Ciências da Religião e doutor em Educação. Pesquisador da vida e obra de Dom Helder Camara e Paulo Freire. Publicou pela Paulus Editora os livros ‘Dom Helder Camara um modelo de esperança’, ‘Helder Camara, um nordestino cidadão do mundo’, ‘Fundamentos para uma Educação Libertadora: Dom Helder Camara e Paulo Freire’ e o DVD ‘ Educar como Prática da Liberdade: Dom Helder Camara e Paulo Freire. Pela Pablo Editorial publicou o livro ‘Monsenhor Helder Camara um ejemplo de esperanza’. Contato profcondini@gmail.com         

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